quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Corre, Tony!

Recolher louros, ou dinheiro, de algo que não se fez, ou cujo mérito é de outro, é feio. Aprendi isso ainda na escola primária, quando, na segunda classe, reparei uma iluminação de natal, e um colega me pediu para dizer que tínhamos sido os dois. Eu, na minha inocência, disse-o, para ele ter algum reconhecimento, mas percebi logo que isso era feio. O momento ensinou a minha consciência, e a do meu colega, certamente.

Infelizmente, o Tony não deve ter reparado nenhuma iluminação de natal na escola primária, e como tal, não recolheu esse valor.

Há muito que era sabido que o seu Romantico-Merdoso de ADN Pimba/Aparolado era cópia integral de muita música, boa e má, de outras nações. A grande vantagem disto era trazer-nos melodias de outras culturas, e letras traduzidas sem termos que recorrer ao Google Tradutor (eu digo "nós", para soar humilde, mas o que eu quero dizer é eles, aqueles cujo QI não permite subir a fasquia do que ouvem).

Isto amanhã está esquecido, e não me parece que seja assunto com valor para ter o tempo de antena que tem tido. Tony carreira e família, no que toca a música, são maus, com ou sem plágios, mas têm uma boa máquina de marketing para aqueles que seguem correntes, vêem a TVI e são crentes. É assim a vida, nem toda a gente pode ter dois dedos de testa e vibrar com Pink Floyd, Dire Strais, Noiserv, Rui Massena, Time For T, ou o 10.000 anos depois entre Vénus e Marte do José Cid.

Fã que é fã, olha para o seu ídolo como a mãe de um toxicodependente. Ai de quem ouse chamar drogado ao filho. Por isso o impacto será nulo, e não servirá sequer para "fazer pensar".

Sim, estou a roçar o mal-criado, e a ser arrogante. É tudo uma questão de espírito crítico, e para algumas massas só o tratamento de choque funciona, nem que seja para aumentar a entropia das suas estagnadas mentes.

Na minha opinião, dado que a música relaciona arte e cultura, esta deve ser respeitada e produzida com o máximo rigor, respeito e cuidado para que nunca seja permitida a sua contaminação. Por isto mesmo, deveria haver uma entidade reguladora (e até há) que retirasse aos "pseudo-músicos" a liberdade de poluir o mundo sonoro. Se um médico é mau e incompetente, é erradicado da medicina, assim como um professor, polícia, ou engenheiro, são erradicados as suas áreas quando denunciam incompetência. Na música deveria ser feito o mesmo. Ao fim de 2 ou 3 álbuns de encher chouriços, era enviado directamente para o coro da igreja de Fátima entreter os crentes na chegada do papa. Afinal de contas, é um dos locais onde o espírito crítico não impera, e onde grandes massas se comportam como ovelhas que seguem o pastor.

Música é arte e cultura, não a lixem, por favor.

O menino era ele, mas quem tinha razão era eu.


terça-feira, 5 de setembro de 2017